O Ibovespa encerrou o primeiro trimestre em queda de 4,84% após um mês de março com perda de 1,03%, com uma forte saída do investidor estrangeiro de olho na política monetária por aqui e nos EUA, noticiário sobre China e também preocupações fiscais no Brasil.
Contudo, algumas ações se destacaram mais – tanto em termos de queda quanto de alta. No mês e no trimestre, Embraer (EMBR3) se consagrou como o grande destaque positivo, enquanto a maior queda tanto em março quanto no acumulado dos três primeiros meses do ano ficou com Casas Bahia (BHIA3).
Confira abaixo os destaques de alta e de baixa do Ibovespa no primeiro trimestre de 2024:
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Maiores altas do trimestre
Embraer (EMBR3): +48,77%
A Embraer (EMBR3) foi destaque no mês e no trimestre, com um período bastante importante para a companhia. A fabricante de jatos recebeu pedidos acima do esperado da American Airlines, divulgou resultados fortes do quarto trimestre que ofuscaram um possível movimento de realização pós-balanço e ainda recebeu diversas revisões positivas por grandes bancos. O caso mais notório foi o do Morgan Stanley, que dobrou o preço-alvo para os ADRs (American Depositary Receipts, ou recibo de ações negociados na Bolsa de Nova York) ERJ da companhia para US$ 40, com os analistas destacando a empresa “como o terceiro player no mercado de aeronaves comerciais, ganhando espaço e possivelmente quebrando o duopólio de Boeing e Airbus”.
3R (RRRP3): +25,53%
O noticiário do início do ano foi movimentado para a 3R (RRRP3), com a proposta feita para o Conselho da PetroRecôncavo (RECV3) para a junção das operações onshore (campos terrestres) das duas companhias, levando a uma disparada das ações logo após o anúncio. O processo deve ser longo, mas já animou o mercado sobre futuras operações no setor, em um contexto ainda de alta do petróleo que fez com que as ações subissem. Enquanto isso, o noticiário mais negativo para a Petrobras (PETR3;PETR4) após o não pagamento de dividendos extraordinários no início de março fez com que os investidores em petroleiras fossem atrás de “alternativas” no mercado, o que incluiu a petroleira júnior.
Braskem (BRKM5): +20,77%
As ações da Braskem (BRKM5) tiveram alta em recuperação após forte queda no fim do ano passado com as notícias sobre o afundamento de solo em bairros de Maceió (AL), em um cenário tomado por notícias de novos interessados em comprar a fatia da Novonor (ex-Odebrecht) na petroquímica. Ao mesmo tempo, no quarto trimestre, o resultado mostrou uma tendência de recuperação nas operações da companhia. Em meados do mês de março, o Santander elevou a recomendação de BRKM5 para equivalente à compra, com base em três pilares: resultados melhores em 2024, apesar do ciclo continuamente fraco; redução de notícias negativas relacionadas ao evento geológico em Alagoas; e expectativas de um aquecimento nas discussões de fusões e aquisições.
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Cielo (CIEL3): +19,58%
O grande destaque em 2024 para a Cielo (CIEL3) ficou para o noticiário sobre a proposta de fechamento de capital (OPA) feita pela BB Elo, controlada do BB (BBAS3), e a Quixaba, controlada do Bradesco (BBDC4). BB e Bradesco são os acionistas controladores da adquirente. Contudo, algumas etapas devem ser cumpridas até que a OPA seja realizada, o que pode levar tempo, uma vez que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) suspendeu a operação por causa de pedidos de convocação de Assembleia Especial por acionistas titulares de ações em circulação no mercado. A companhia recebeu pedidos de acionistas titulares de mais de 10% das ações para discutir uma possível nova avaliação do valor das ações ordinárias da companhia o que, para a Genial Investimentos, pode ser um gatilho positivo para os ativos.
Suzano (SUZB3): +15,01%
Um começo de ano melhor do que o esperado, principalmente para o segmento de papel e celulose, leva a um primeiro trimestre positivo para as principais ações do setor. Em relatório recente, o Bank of America apontou, após viagem à China, os mercados de celulose estão mais apertados do que os analistas do banco pensavam, apoiando os aumentos dos preços da celulose (também levando a uma alta de preços pela Suzano SUZB3), enquanto o Itaú BBA elevou a recomendação para Klabin (KLBN11) de market perform (desempenho igual a média do mercado, equivalente à neutro) para outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra), reforçando preferência para SUZB3.
BRF (BRFS3): +18,18%
A continuidade do movimento de recuperação nos números da (BRFS3) guiaram um trimestre bastante positivo para as ações da companhia. No fim de fevereiro, a dona da Sadia e Perdigão reportou seus números do quarto trimestre apresentando lucro líquido de R$ 823 milhões, o primeiro após sete trimestres consecutivos de prejuízos e com resultado bem acima das previsões de analistas. Com uma alavancagem menor e uma nova gestão, a XP Investimentos disse continuar altamente convencida com a história de turnaround da BRF e reforçou a ação como Top Pick no setor.
Confira as maiores altas do Ibovespa no trimestre:
Empresa | Ticker | Preço | Variação percentual |
Embraer | EMBR3 | R$ 33,31 | 48,77% |
3R Petroleum | RRRP3 | R$ 32,99 | 25,53% |
Braskem | BRKM5 | R$ 26,04 | 20,77% |
Cielo | CIEL3 | R$ 5,40 | 19,58% |
BRF | BRFS3 | R$ 16,32 | 18,18% |
Suzano | SUZB3 | R$ 63,98 | 15,01% |
Maiores baixas do trimestre
Grupo Casas Bahia (BHIA3): -40,42%
Em um processo de turnaround, o Grupo Casas Bahia (BHIA3) vê suas ações liderarem as perdas do Ibovespa em março e no ano após um 2023 já bastante negativo. Analistas seguem vendo um cenário desafiador e reiterando recomendação equivalente à venda ou neutra para os papéis, com a cautela reforçada após os resultados do quarto trimestre divulgados no fim do mês. Os números do 4T23 ainda foram considerados fracos. Como destaca o JPMorgan, os dados foram afetados por uma demanda ainda fraca, mas também pela execução do plano de reestruturação e simplificação de sua estrutura que adicionou volatilidade às vendas e à lucratividade, que se somou “a uma base já poluída do ano passado”. A companhia teve prejuízo contábil de R$ 1 bilhão no 4T23, o maior da história, superando o recorde apurado no último trimestre de 2019, quando a perda foi de R$ 875 milhões.
Cogna (COGN3): -32,38%
Outra ação que inspira cautela dos analistas é a Cogna (COGN3). O processo de turnaround da companhia de educação segue dando frutos, mas a ação acaba sofrendo em sessões de alta no mercado de juros futuros (dada a sua alavancagem ainda alta) e também é afetada pelas discussões de maior regulação do ensino a distância pelo Ministério da Educação. Sobre o quarto trimestre de 2023 especificamente, a dona da Vasta, Saber e Kroton teve prejuízo líquido ajustado de R$ 373 milhões, mas a performance da Kroton, de ensino superior, no trimestre foi apresentada por alguns analistas como o fator para o menor ânimo com a companhia, em meio à desaceleração de crescimento e margem.
CSN Mineração (CMIN3): -31,70%
Apesar dos sólidos resultados apresentados pela CSN Mineração (CMIN3), inclusive no quarto trimestre, a volatilidade do minério no primeiro trimestre de 2024 e a visão de que as ações estão já em seu valor justo levam a um menor ímpeto para os ativos. No cenário para a commodity, o Citi destaca que os preços do minério de ferro estão sob pressão este ano devido a uma confluência de fatores, incluindo um início lento da temporada de construção na China, altas exportações de minério de ferro do Brasil e altos embarques para a China de fornecedores não tradicionais em meio a preços elevados do minério no final de 2023. Já sobre a companhia em si, em relatório no meio do trimestre o Bradesco BBI ressaltou ter recomendação neutra para CMIN3 por já ver a companhia precificando os fundamentos do minério.
MRV (MRVE3): -30,63%
O começo de 2024 foi particularmente negativo para a MRV (MRVE3), em meio a uma série de revisões negativas do mercado para o lucro líquido da companhia entre 2024 e 2025 por conta dos resultados financeiros. Em meados de março, no seu Investor Day, a construtora apresentou sua visão de dobrar lucro líquido em 2025 e simplificação da operação. Para analistas, os números de orientações para os próximos anos (guidance) apresentados pela companhia não foram o suficiente para animar investidores, uma vez que traziam dados próximos do estimado pelo mercado. A potencial reestruturação societária da Resia, com chances de ser anunciada em breve, porém, poderá proporcionar mais flexibilidade e desbloquear valor para a empresa.
GPA (PCAR3): -27,09%
O primeiro trimestre foi turbulento para as ações do GPA (PCAR3), dono do Pão de Açúcar, com os investidores atentos às notícias sobre a evolução da reestruturação da rede varejista de alimentos e também por conta da oferta de ações, que se deu em meados de março às custas de uma forte diluição de seus acionistas. Por outro lado, algumas casas viram a operação como positiva, com a companhia podendo virar “algumas páginas” em meio ao seu processo de turnaround. Isso por conta: i) da saída do Casino (em crise) do controle da empresa, ii) da entrada de Ronaldo Iabrudi, ex-CEO e chairman do GPA, no capital da companhia e iii) da redução da sua alavancagem.
Confira as maiores baixas do Ibovespa no trimestre:
Empresa | Ticker | Preço | Variação percentual |
Casas Bahia | BHIA3 | R$ 6,78 | -40,42% |
Cogna | COGN3 | R$ 2,36 | -32,38% |
CSN Mineração | CMIN3 | R$ 5,30 | -31,70% |
MRV | MRVE3 | R$ 7,79 | -30,63% |
GPA | PCAR3 | R$ 2,96 | -27,09% |