O bitcoin (BTC) completou o tão esperado halving nesta sexta-feira (19), com a mineração do bloco de número 840 mil. Agora, o blockchain passa a emitir 3,125 unidades da criptomoeda para cada bloco descoberto pelos mineradores, em vez de 6,25 BTCs como era anteriormente.
Ao todo, a rede do Bitcoin já teve quatro halvings: em 2012, 2016, 2020 e agora em 2024. Quando o bitcoin foi criado, em 2008, a recompensa aos mineradores por encontrar um bloco era de 50 BTCs.
Considerando um bitcoin a US$ 64 mil, valor aproximado em que foi predominantemente negociado nesta sexta, o minerador que encontrar um novo bloco receberá US$ 200 mil ou R$ 1,05 milhão.
Com a redução, a expectativa é de que a rentabilidade dos mineradores caia, pelo menos em um primeiro momento, algo que pode tirar agentes menos eficientes, em termos de custo, do mercado. Um ponto sempre lembrado quando se fala em halving é que o evento costuma iniciar grandes ciclos de valorização para o bitcoin. Em 2016, o BTC valia US$ 664 no dia do halving e disparou para US$ 17.760 no final do ciclo. Já em 2020, a criptomoeda explodiu de US$ 9.734 para US$ 67.549 nos meses seguintes à redução da oferta.
Boa parte da comunidade não acredita que este impacto no preço exista hoje, mas muitos projetam que o BTC possa até mesmo chegar aos US$ 100 mil este ano por conta da demanda aberta pelos fundos negociados em bolsa (ETFs) de bitcoin à vista aprovados em janeiro nos Estados Unidos e por um provável corte de juros na maior economia do mundo.
André Portilho, head de ativos digitais do BTG, afirma que o cenário macro terá mais impacto para cripto do que o halving do bitcoin. “O halving é um fetiche do mundo cripto. Hoje, se você compara a quantidade de novos bitcoins sendo emitidos com o volume do mercado à vista e como era esta relação em outros halvings, percebe que é uma realidade completamente diferente”, aponta.
Para Raymond Nasser, cofundador da mineradora Arthur Inc., o mercado já se antecipou ao halving e a mudança no valor das recompensas aos mineradores não é algo com tanto potencial de criar volatilidade para cima ou para baixo quanto um indicador macroeconômico, por exemplo. No entanto, Nasser prevê que o bitcoin pode ultrapassar sua máxima histórica de US$ 73 mil atingida em março e subir até os US$ 140 mil em 2024 caso não haja uma deterioração ainda maior do cenário macro.
“A última notícia de verdadeiro impacto no preço do bitcoin foi a aprovação dos ETFs. O que o halving pode fazer, no médio prazo, é ajudar a criar uma crise de liquidez. Não vai ter mais bitcoin para as pessoas comprarem tamanha a demanda”, avalia.
Em nota, Fábio Plein, diretor regional para as Américas da Coinbase, diz que o halving é importante para toda a indústria de criptomoedas por reforçar a escassez da moeda digital. Contudo, ele também vê fatores externos, tais quais a política monetária americana como algo que possui maior potencial de efeito nas cotações. “Com apenas três eventos de halving registrados na história do bitcoin, as evidências atuais de como os mercados reagiram a esses marcos ainda são limitadas. Grande parte do forte desempenho do bitcoin após o último halving em maio de 2020 ocorreu num ambiente com uma política monetária extraordinariamente frouxa e um estímulo fiscal historicamente forte em resposta à pandemia de covid-19”, lembra.