Em um dia sem novos dados e sem novidades sobre o conflito entre Israel e Irã para direcionar o mercado, Wall Street registra ligeira queda depois de abrir no azul impulsionada por ações de tecnologia. Mas o mau humor voltou a dominar os investidores, que seguem em um movimento de aversão ao risco, levando os principais índices acionários para território negativo. Por volta das 13h, o índice Dow Jones caía 0,24% a 37.705,23 pontos, o S&P 500 recuava 0,39% a 5.031,74 pontos, e o Nasdaq perdia 0,65% a 15.762,15 pontos.
Para Ian Lygen, da BMO Markets, o mercado vive um dia de consolidação antes de realizar outro movimento de venda que pode levar o rendimento do papel de 10 anos para 4,75%. Dentro desse cenário, ele acredita que o leilão de US$ 13 bilhões de notas de 20 anos a ser realizado logo mais, às 14h, deve registrar o segundo maior yield para o vencimento desde que o papel foi reintroduzido, em maio de 2020.
Lygen avalia que, depois dos fracos resultados dos leilões de 10 e 30 anos realizados na semana passada, o leilão de 20 anos deve seguir pelo mesmo caminho porque “depois de três núcleos do índice de preços ao consumidor (CPI) acima da tendência é difícil de projetar uma oferta forte por vencimentos mais longos em um cenário com elevado grau de incerteza sobre onde está a taxa neutra e se ela é mais elevada no período pós-pandemia, o que leva estruturalmente a inflação para um nível mais alto”.
Segundo ele, este sentimento deve ficar mais nítido depois da mudança de posição do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que passou a indicar que a inflação mais resiliente deve fazer com que o banco central americano demore mais para realizar cortes nos juros. Depois dos comentários de Powell, o CME Group passou a indicar apenas um corte de juros em 2024. Porém, hoje, as apostas majoritárias indicam que 34,2% dos investidores esperam dois cortes de juros até dezembro ante 32,1% que esperam apenas um corte.
Já pesquisa com gestores de fundos realizado pelo Bank of America (BofA) entre os dias 5 e 11 abril, portanto antes dos comentários de Powell, revelam que 76% dos respondentes acreditavam que o Fed fará dois ou mais cortes das taxas de juros nos EUA em 2024, enquanto 8% projetavam que não haverá cortes.
Mais tarde, o Fed divulgará seu Livro Bege e no final do dia, após o fechamento dos mercados, a diretora do Fed, Michelle Bowman e a presidente da distrital de Cleveland, Loretta Mester, participam de evento. Para Wael Makarem, estrategista financeiro da Exness, o mercado está antecipando que as autoridades irão repetir hoje os comentários de Powell, enfatizando que qualquer decisão sobre ajustes nos juros dependerá das tendências da inflação, o que deve deixar o dólar sustentado no curto-prazo.