Os agricultores brasileiros se preparam para iniciar a colheita de uma safra maior de café robusta este ano no momento em que os preços locais estão em alta e os futuros do robusta em Londres atingem o pico de 16 anos.
O Brasil é o segundo maior produtor de robusta, depois do Vietnã, e é o maior produtor de grãos de café arábica. Enquanto o robusta é geralmente amargo, com maior teor de cafeína, o arábica é uma variedade mais suave e mais valorizada.
As colheitas ruins no Vietnã, juntamente com a interrupção do transporte marítimo no Mar Vermelho, levaram a um aumento nos preços do robusta e impulsionaram a demanda pelo robusta/conilon brasileiro, com torrefadores europeus comprando-o como substituto.
“As árvores estão com bom aspecto, com boa quantidade de frutos”, disse Ramon Patrocinio, consultor agrícola que trabalha para fazendas na Bahia e no Espírito Santo. Ele acredita que a produção nessas áreas poderá crescer 20% a partir de 2023.
Patrocinio acredita que a nova safra de grãos robusta deve começar a chegar ao mercado em junho ou julho, após a secagem e limpeza.
“Os que estão colhendo cedo provavelmente precisam levantar dinheiro para pagar as contas da safra, porque ainda há muitos grãos verdes nas árvores”, disse Enrique Alves, pesquisador da Embrapa em Rondônia, acrescentando que o ideal é que a colheita comece quando pelo menos 80% dos grãos estiverem maduros.
A corretora StoneX projeta a safra brasileira de robusta de 2024 em 22,7 milhões de sacas, contra 21,5 milhões de sacas em 2023.
Alves disse que muitos agricultores venderam sua nova safra no ano passado a preços mais baixos, de modo que não aproveitarão totalmente a recuperação.
Patrocinio disse que há sinais de aumento do plantio de robusta, com investidores procurando áreas com potencial para irrigação.