O diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, comentou nesta terça-feira (13) sobre o comportamento diferente do câmbio, que “tem se descolado muitas vezes dos fundamentos [macroeconômicos]”, após as mudanças dos últimos anos.
Ele destacou que há diferentes estudos sobre isso, de grandes bancos internacionais, e ponderou que as inovações do sistema financeiro e do próprio Banco Central produzem “uma quantidade enorme de dados”.
“Alguns bancos grandes internacionais têm trazido, por exemplo, como o câmbio tem se comportado de maneira diferente, se descolando muitas vezes dos fundamentos. Há vários estudos sobre volatilidade”, disse ele, ao participar do evento Finance of Tomorrow, no Rio.
Galípolo reforçou que há um desafio para incorporar essas informações e garantir que sejam usadas para ajudar na tomada de decisões em política monetária do Banco Central.
“Essa questão das inovações do BC está produzindo uma quantidade enorme de dados para o BC. […] A gente vai ter bastante tempo para conseguir, um desafio de aprender a trabalhar isso para incorporar os dados que subsidiam a tomada de decisões de política monetária”, notou.
‘Parceria público-privada’
Durante o evento, Galípolo comentou ainda que a parceria entre o poder público e o setor privado no setor financeiro tem tido sucesso em inovações e no estímulo à concorrência. Ele classificou o trabalho conjunto no setor como “talvez a primeira Parceria Público-Privada a partir da criação do Estado moderno” e disse que as agendas conjuntas ajudam no empreendedorismo e para a entrada de novos entrantes no mercado.
“É essencial, e o Banco Central teve muito sucesso nisso, fomentar agendas que permitam maior empreendedorismo, maior concorrência, novos entrantes….”, notou.
“Talvez seja a primeira parceria público-privada a partir da criação do Estado moderno. É feita uma gestão conjunta, através da intermediação bancária, entre o setor público e o setor privado, de um bem público, mas que também é uma riqueza privada”, disse.
Galípolo também defendeu que haja abertura para que o setor privado também faça sugestões de regulações e inovações, já que são as instituições financeiras que estão mais perto dos clientes.
“Sempre é importante lembrar nessa gestão conjunta a intermediação significa que quem tem a relação na ponta com o cliente é o setor privado. Não quer dizer que o poder público não possa formular sugestões, mas quem está com o cliente, conhecendo as dores, em grande medida é a iniciativa privada”, afirmou, para complementar. “É muito importante que isso seja uma via de mão dupla. Não seja simplesmente uma via onde o poder público vai conceder, eventualmente, uma solução nova, uma regulação.”