Um menino de 9 anos, uma mulher de 24 e uma idosa morreram em um deslizamento na tarde desta sexta-feira (22) em Petrópolis, na região serrana do Rio. A cidade é atingida por uma forte chuva que começou na última quinta (21).
Até as 22h, quatro foram resgatados com vidas: um menino de 12 anos, um homem de 40 anos, uma mulher de 45 e um homem de 45. Ainda havia um homem de 25 anos e uma menina, de 4, sendo procurados embaixo dos escombros.
Todas as vítimas estavam em uma casa que desabou no bairro da Alto Independência e, segundo as primeiras informações, seriam da mesma família.
O Corpo de Bombeiros informou que o desabamento ocorreu na rua Angelo João Brand por volta das 17h30 e que equipes seguem trabalhando no local, com auxílio de cães farejadores. Moradores da região também ajudam na retirada dos escombros.
Na região dos Lagos, um homem morreu depois de ser atingido por um raio no Pontal do Atalaia, em Arraial do Cabo. Outras duas pessoas ficaram feridas e foram encaminhadas para o hospital, o estado de saúde delas é estável.
Na Baixada Fluminense, uma casa desabou no centro de Nilópolis. Um homem foi resgatado com vida dos escombros, segundo o Corpo de Bombeiros.
O Comitê de Chuvas do Governo do Estado informou que, desde a noite de quinta (21), os bombeiros foram acionados para 56 ocorrências relacionadas às chuvas em todo território fluminense.
O governador do Rio, Cláudio Castro (PL) anunciou no início da noite desta sexta que estava a caminho da cidade de Petrópolis para avaliar o impacto das chuvas. Pouco antes das 21h, Castro informou nas redes sociais que havia chegado na região. “Estou no Corpo de Bombeiros, de onde nossas equipes vão coordenar ainda mais de perto toda a busca por desabrigados e mobilização por desaparecidos”, escreveu o governador.
Por volta das 14h50, a Defesa Civil alterou o estágio operacional de Petrópolis para “crise”, tendo em vista os altos índices pluviométricos e a previsão de chuva muito forte na cidade. O órgão pede que a população fique atenta às próximas atualizações.
De acordo com o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), já choveu mais que o dobro do acumulado previsto para o período entre 12h e 18h, que era de 51mm —está em 125 mm.
A Defesa Civil do município contabilizou 109 registros de ocorrências, sendo 75 deslizamentos. Por volta das 20h30, ruas do centro da cidade estavam alagadas e vias importantes da região interditadas.
A Prefeitura abriu 67 pontos de apoio. Ao todo, 179 pessoas estão abrigadas nesses locais disponibilizados pelo município.
Por causa do temporal, a subida da Serra de Petrópolis foi interditada, de forma preventiva, na altura da praça do pedágio em Duque de Caxias, na tarde desta sexta.
Horas antes, a subida da Serra de Petrópolis funcionava em meia pista no km 94 da BR-040, no sentido Juiz de Fora, devido a um deslizamento de terra. A descida da serra seguia aberta, mas a concessionária Concer alerta que chove intensamente nos locais e pede que os motoristas evitem o tráfego na BR-040 enquanto a chuva não cesse.
Os impactos da chuva também implicaram no acesso a outras cidades da Região Serrana. No início da tarde, o trecho da BR-116, que liga a Região Metropolitana do Rio à Teresópolis, foi completamente interditado, nos dois sentidos, sendo liberada quase às 18h, cerca de duas horas depois. A concessionária EcoRioMinas informou que a interdição foi feita por precaução, e que não foram registrados acidentes ou deslizamentos.
O município de Teresópolis estava em Estágio de Atenção por conta das chuvas fortes.
Na rede estadual, as aulas foram suspensas em todas as cidades do Rio de Janeiro. De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, os diretores devem estar de prontidão para abrir as unidades para abrigos e pontos de apoio, caso necessário.
As aulas particulares também foram suspensas, e provas foram remarcadas. Creches particulares enviaram comunicados para que os pais mantenham as crianças em casa se possível.
Na capital, ruas ficaram alagadas e ao menos seis árvores caíram. O município está no estágio dois na escala de risco, que vai até cinco. .
Tanto na capital quanto em Angra dos Reis, na Costa Verde, o risco de deslizamento é considerado alto.
Neste sábado (23), integrantes do Grupo de Apoio a Desastres do Governo Federal chegam à capital fluminense, por determinação do presidente Lula (PT), para ajudar o estado e as cidades a solicitarem situação de emergência ou estado de calamidade pública. O secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff, já está no Rio de Janeiro.
No início da noite de quinta, em entrevista coletiva, o prefeito Eduardo Paes (PSD) alertou os moradores para a tempestade.
“Essa chuva virá forte podendo passar de 40mm em uma hora e 200mm em 24h, mais no final da sexta-feira. É bem maior do que a média histórica de março, que é 124mm no mês todo”, disse.
“As pessoas devem olhar para essas 72 horas imaginando que aquilo que não for essencial, não deve ser feito”, completou o prefeito, que passou a madrugada no Centro de Operações da Prefeitura acompanhando as projeções da meteorologia.
Ao lado da chefe de meteorologia do Centro de Operações Rio, Raquel Franco, Paes pediu para as pessoas que moram em áreas de risco tomem cuidado e respeitem a sirene. “Parece que teremos um evento severo”, afirmou.
Histórico de tragédias
Uma das regiões mais afetadas pela chuva nesta sexta, Petrópolis ainda se recupera do temporal que devastou a cidade imperial há dois anos. Em 15 de fevereiro de 2022, uma forte chuva atingiu o município com inundações, enxurradas e deslizamentos, que deixaram mais de 100 pessoas, incluindo duas crianças, mortas.
A região também foi alvo de uma das maiores catástrofes climática do país, quando uma tempestade de verão que caiu no dia 11 de janeiro de 2011 deixou mais de 900 mortos e quase 100 desaparecidos. Até hoje há divergências no número de desaparecidos, e casas interditadas voltaram a ser ocupadas.