Albert Einstein mudou a compreensão humana sobre os conceitos de espaço e tempo. Mas, antes disso, o cientista precisou de um fenômeno da natureza que pudesse ser observado para demonstrar a relatividade do espaço e tempo. Sendo assim, em 1919, o eclipse foi o fenômeno escolhido e o experimento foi feito em Sobral, no Ceará, e na ilha do Príncipe, na África.
O mesmo fenômeno acontecerá na próxima segunda-feira (8) e poderá ser visto no México, Estados Unidos e Canadá.
Por que Einstein escolheu o eclipse?
Segundo a Teoria da Relatividade GFeral de Albert Einstein, a gravidade dos corpos com muita massa, como o Sol, pode realizar a curvatura da luz que passa por ele (deflação da luz). Desse modo, Einstein precisava fotografar as estrelas que estavam próximas do Sol e registrar suas posições aparentes durante o eclipse.
Assim, seria possível analisar se suas posições aparentes foram deslocadas devido à curvatura da luz devido à gravidade do Sol. Sendo assim, um eclipse seria perfeito, pois permitiria a observação da posição das estrelas em torno do Sol, visto que a Lua encobre aparentemente o Sol, escurecendo o dia.
Segundo Jamilton Rodrigues, professor de Física da Universidade Estadual da Paraíba (UFPB), a curvatura do espaço é afetada pela matéria/energia, sendo necessário observar uma grande massa para aferir essa curvatura.
“Em um eclipse conseguimos observar as adjacências de um objeto bastante massivo: o Sol. Foi essa proposta que trouxe a comunidade para observar eclipses na tentativa de confirmar o efeito da curvatura da trajetória da luz prevista pela Teoria da Relatividade Geral”, explica.
Dessa forma, em 1919, o cientista modificou o conceito de espaço, tempo e gravidade estabelecidos por Isaac Newton, delimitando que todas as Leis da Física sejam idênticas para referências inerciais e que a velocidade da luz seja uma constante universal.
“Os resultados das expedições a Sobral e Príncipe (na África Ocidental) podem deixar poucas dúvidas de que a deflexão da luz acontece nas redondezas do Sol e que é pela quantidade demandada pela teoria da relatividade generalizada de Einstein, atribuída ao campo gravitacional do Sol”, destacou a Royal Society no 6 de novembro de 1919, em Londres.
“Comparando estas novas posições aparentes das estrelas com suas posições reais, Einstein conseguiu confirmar uma das previsões de sua teoria da relatividade geral, mostrando importantes evidências observacionais de sua teoria”, diz Leandro Donizete Moraes, doutor em física e criador do canal Astronomia Observacional.
A Teoria da Relatividade Geral no dia a dia
Hoje em dia, a teoria de Einstein é utilizada pelo Google Maps que se baseia na localização e no tempo durante o sistema de navegação conhecido como GPS. Em resumo: como o tempo passa um pouco diferente para objetos em movimento e campos gravitacionais diferentes, existe uma distinção entre o tempo nos satélites GPS que giram em torno da Terra e aqui na superfície.
“A velocidade dos satélites é muito alta e estão em um campo gravitacional muito mais fraco do que o que temos na superfície terrestre. Por isso, é preciso que os cientistas e engenheiros compensem esta diferença, ajustando o tempo e localização constantemente”, destaca Moraes.
Para calcular a diferença, os cientistas consideram a dilatação do tempo causada pela velocidade dos satélites relacionada com a dilatação provocada pelo campo gravitacional terrestre.
“Os ajustes são muito importantes para a precisão de informações destes aplicativos que dependem do GPS”, acrescenta o físico.
Atualmente, o Google Maps tem mais de um bilhão de usuários ativos mensais e fornece 20 bilhões de quilômetros de rotas todos os dias em todo mundo. De acordo com a companhia, os satélites são essenciais para determinar a localização de uma pessoa com uma precisão de até 20 metros.
Segundo a companhia, sem o aplicativo, as pessoas demorariam muito mais tempo em seu deslocamento, gastariam mais combustível e ficariam mais presas em engarrafamento.
“As pessoas recorrem ao Google Maps para facilitar suas vidas: desde conferir o melhor trajeto de um ponto A ao B, o trânsito em tempo real, verificar o quão cheio está um ônibus ou um restaurante concorrido, até recordar de uma praia que visitaram anos atrás nas férias. Ele também é um grande aliado na hora de viajar, já que exibe para onde ir, onde comer, pontos turísticos ou até estabelecimentos recém-inaugurados”, destaca o Google.