A confiança empresarial atingiu, em julho, maior patamar em quase três anos, impulsionada pelo bom humor disseminado em comércio, serviços, construção e indústria, segundo o superintendente de estatísticas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), Aloisio Campelo Jr.
Uma conjunção de fatores favoráveis produziu o resultado, segundo ele. “A indústria e a construção estão em bons momentos. A construção está em uma boa fase depois de passar anos sem crescer.”
De junho para julho, a confiança da indústria subiu 3,3 pontos e a da construção aumentou 0,9 ponto. Campelo avalia que ocorre no momento um bom desempenho em bens de capital. Houve um retorno de investimentos na economia, com renovação de máquinas e equipamentos, que favoreceu a indústria da transformação.
A construção está sendo beneficiada pela volta do Minha Casa Minha Vida, disse. E comércio e serviços voltaram a subir em confiança, após mostrarem queda em resultados anteriores.
No ICE, a confiança de comércio subiu 0,6 ponto entre junho e julho e a de serviços avançou 0,2 ponto, no mesmo período. Isso porque a demanda para os dois setores opera aquecida, como mostram os mais recentes resultados das duas áreas.
A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) apontou alta de 1,2% nas vendas do varejo restrito em maio, dado mais recente do indicador, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Já o volume de serviços manteve-se estável no mesmo período. Mas Campelo ponderou que, sem cair, serviços, que representam quase 70% do PIB, já funcionam como impacto favorável, na economia como um todo. O setor de serviços também é o maior empregador da economia brasileira.
“Acho que tivemos uma combinação de fatores que envolve, ainda, uma recuperação, uma questão cíclica da economia, que ‘bate’ com a retomada de investimentos [na indústria com bens de capital] com o setor de construção muito bem”, disse.
“E o nível de renda continua a crescer, com aumento de salário mínimo e continuidade de programa de transferências de renda”, notou, a ressaltar que esses fatores alavancam demanda interna, de maneira geral.
Segundo ele, não ha motivos, no momento, para acreditar em uma queda, mas problemas climáticos ou desastres como o que ocorreu no Rio Grande do Sul com as fortes enchentes não estão descartados.
“A conjuntura pode permanecer assim, com grau elevado de incerteza fiscal. E isso pode fazer com que o dólar] fique no nível atual, alto, ou suba. Não temos como prever uma tendência”, disse em relação ao indicador de confiança.