Pela primeira vez, o Censo Demográfico de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mapeou informações sobre a população com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil, e os resultados devem ser divulgados ainda este ano. Os dados darão um panorama sobre a condição que só nos últimos anos recebeu a devida atenção.
Em entrevista ao Jornal da USP, o neurocientista Erikson Furtado, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, explicou alguns dos sintomas do Autismo e destacou que o diagnóstico precoce depende da observação dos comportamentos das crianças e pode reduzir déficits na comunicação.
Dificuldades de aprendizagem surgem cedo
Um dos principais fatores usados para identificar o autismo é a dificuldade de aprendizagem. A maioria dos indivíduos com TEA, mesmo que não seja uma regra, passa pelo desafio de desenvolver habilidades escolares, principalmente na educação básica.
Diferentemente de pessoas neurotípicas, que quando esbarram nessa dificuldade procuram atividades de recuperação que auxiliem no processo de aprendizagem, para os autistas isso acontece muito mais tarde e impacta sua alfabetização, explica o professor.
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É por isso que é tão importante estar atento ao desenvolvimento intelectual e motor da criança. Um acompanhamento mais próximo e adaptado para o contexto de um autista pode reduzir drasticamente as dificuldades de aprendizagem. Quanto mais cedo esse diagnóstico for dado, menor o risco de a criança apresentar piora com a idade – o que tende a acontecer.
Possíveis indicadores de autismo
- Problemas com contato visual
- Comportamento distante ou com poucas reações em resposta a estímulos
- Seletividade alimentar
- Atraso na linguagem, como dificuldade em falar
Se esses sintomas aparecem ainda nos primeiros três ou quatro anos, é importante acender o alerta, diz Erikson Furtado, mas também tomar cuidado com diagnósticos apressados. Geralmente, problemas como déficit intelectual, condições emocionais atípicas ou sensoriais podem ser confundidas com o TEA, exigindo avaliação especializada que considere o contexto em que a criança está inserida.
O especialista ressalta que o tratamento precoce é crucial para um desenvolvimento saudável, já que interagir e comunicar são desafios significativos para essas pessoas. A falta de intervenção adequada desde cedo pode prejudicar o paciente, dificultando iniciar intervenções mais tarde.