Neste fim de semana, a Instituto Nacional de Meterologia (Inmet) emitiu um alerta de tempestades de “grande perigo” para a região Sul e Sudeste. Esta não é a primeira que atingiu o país neste ano — em janeiro, por exemplo, 12 pessoas morreram após fortes temporais no Rio de Janeiro. Para especialistas ouvidos pelo Valor, vem mais por aí.
As cumulonimbus entre um e 15 km de altitude, chegando na troposfera. Elas são “alimentadas” especialmente por uma grande quantidade de calor, de umidade e movimentos de subida de massas de ar quente e descida de massa de ar frio, definido como “movimento convectivo”.
“Como o ar quente é mais leve e o ar frio é mais pesado (denso), esse ar quente, quando sobe com umidade acaba condensando a umidade e enquanto ele não encontrar uma atmosfera absolutamente instável, esse ar quente vai continuar subindo na atmosfera, esse vapor d’água vai continuar condensando e formando nuvens cada vez mais carregadas”, destaca Wanderson Luiz Silva meteorologista e professor de Climatologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Segundo o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações, em torno de 2 mil tempestades estão ocorrendo ao redor do mundo, sendo que 50 mil tempestades acontecem diariamente. Altas temperaturas fazem com que elas tenham mais intensidade.
O ano de 2023 foi o mais quente da história e, agosto, o mês que bateu recordes de temperatura, segundo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM). Somente no ano passado, no Brasil, a população sofreu com nove ondas de calor, o que resulta em tempestades mais fortes, de acordo com Willians Bini, meteorologista e diretor de clima da FieldPRO.
“Essa percepção que nós temos de aumento da severidade não é recente e ela vem se intensificando por causa das mudanças climáticas que estão acontecendo no planeta. Ano passado foi um ano de inúmeras condições climáticas extremas e o clima está em processo de grandes mudanças, o que deixa tudo mais intenso e mais frequente em todo planeta”, diz.
Já neste ano, em março, o país bateu recordes de temperatura. No Rio de Janeiro a sensação térmica do último sábado (16) chegou a 60,1°C na estação de medição de Guaratiba, na zona oeste da cidade. Uma semana depois, o país foi atingido por uma frente fria.
“Por muito tempo, o ar quente foi aprisionado, de repente, a massa de ar frio começou a se acumular na Argentina e veio acumulando até chegar no Brasil. Ou seja, funciona como uma tampa que vem sendo empurrada e dando força para a massa de ar. Além disso, a umidade que vem da Amazônia acaba alimentando ainda mais essa frente fria e produzindo tempestades mais intensas”, explica Ranyere Silva Nóbrega, climatologista e professor doutor do Departamento de Ciências Geográficas da Universidade Federal de Pernambuco.
Afinal, o que é uma tempestade?
As tempestades são definidas como um fenômeno atmosférico intenso, ou seja, uma chuva classificada como intensa ou severa. Normalmente, vem acompanhada com raios, ventanias, relâmpagos e trovoadas. Para que elas sejam formadas, elas precisam de condições termodinâmicas favoráveis como:
- Uma baixa pressão atmosférica intensa (local onde se originam as chuvas);
- Convergência dos ventos (quando há troca de ar quente e frio);
- Umidade disponível na atmosfera;
- Processo de instabilidade atmosférica.
“Esse processo de instabilidade vai fazer com que o ar transporte a umidade que está próxima da superfície para altos níveis da atmosfera. Dessa forma, o ar vai condensando, formando nuvens com gotas de chuva dentro e essas gotas de chuva vão desenvolvendo um tamanho suficientemente grande, virando uma tempestade”, destaca Nóbrega
Uma tempestade pode trazer vários riscos, principalmente com raios. Dessa forma é essencial que a população tome algumas precauções, como:
- Não fique embaixo de árvores ou linhas de energia elétrica, mesmo que seja dentro do carro;
- Evite ficar perto de estruturas altas;
- Cuidado com áreas abertas como campos de futebol, quadras de tênis e estacionamentos;
- Não fique próximo de cercas de arame, varais metálicos, linhas aéreas e trilhos;
- Cuidado com tomadas, canos, janelas e portas metálicas;
- Cuidado com equipamentos elétricos. Se possível desligue aparelhos eletrônicos como televisão, carregador de celular, computadores;
- Evite segurar objetos como varas de pesca e canos;
- Se estiver em áreas de risco, busque abrigo em um lugar seguro;
- Acompanhe a previsão do tempo e suas atualizações em canais oficiais da prefeitura da sua cidade;
Em caso de emergências, ligue para 193 (Corpo de Bombeiros) ou 199 (Defesa Civil).