O principal medo de Raquele no ‘BBB24‘ era o de que o público não tivesse tempo de conhecê-la. Mas essa realidade ela não enfrentou. A capixaba foi longe no jogo e deixou a casa depois de mais de 70 dias de competição, com 87,14% dos votos de um paredão que disputou com a dupla de adversárias Alane e Beatriz. Hoje, ela fala da trajetória que trilhou no reality com a tranquilidade de quem fez o que queria fazer: mostrar-se sem máscaras, do início ao fim. “Eu não podia inventar um personagem, não conseguiria sustentar por muito tempo. Fui para ser como realmente sou. Se mexessem comigo, como mexeram, com certeza eu iria me defender, falar, ser reativa até certo ponto. Mas ser briguenta e apontar muito o dedo nunca foi de mim. Então, não teria como eu fazer diferente lá dentro. Eu fui a Raquele do início ao fim“, garante sem preocupações.
Você foi uma das participantes da dinâmica da edição, e entrou no ‘BBB 24’ pela escolha dos próprios confinados. Que impactos isso teve no seu jogo?
O impacto foi no início, que foi muito complicado para mim. Você sonha com aquilo e, de repente, o seu sonho está nas mãos de outras pessoas que já estão lá dentro… Pensei: “Meu Deus, e agora?” Eu só tinha 30 segundos para convencer o pessoal a querer me colocar dentro da casa. Pelo fato de ter entrado assim, eu fiquei um pouco balançada no início do jogo. Logo em seguida teve uma prova de resistência, então meu contato com todos foi muito aos poucos, à medida em que eles iam saindo da disputa. Teve gente com quem só fui conversar no outro dia! Isso me deixou um pouco receosa, fiquei sem jeito para chegar nas pessoas. Foi o momento em que eu me senti mais privada. Eu me olhava e não me reconhecia porque eu sou uma pessoa muito comunicativa aqui fora. Nunca vivi uma experiência como essa! Era gente desconhecida, gente que já era conhecida e eu não sabia bem como abordar, conversar…
Mesmo tendo sido escolhida para entrar no BBB, já no segundo paredão você foi a participante mais votada pela casa para enfrentar o voto popular. Só se salvou por uma escolha do líder em um empate. Por que acredita que levou esses votos tão cedo?
Por não ter me conectado logo no início com a casa, eu virei um alvo mais fácil para votar. No início do jogo as pessoas votam, sim, por afinidade. E como eu estava muito fechada, muito na minha, sem conseguir me abrir, eu era a opção que as pessoas tinham. Virei um alvo fácil.
O que faltou para chegar mais longe no ‘BBB 24’?
Pelo que eu andei observando, faltou eu soltar a minha oncinha, ser mais briguenta, falar mesmo (risos)… Mas eu não podia inventar um personagem porque essa não sou eu. Eu não conseguiria sustentar por muito tempo. Eu fui para ser como realmente sou. Se mexessem comigo, como mexeram, com certeza eu iria me defender, falar, ser reativa até certo ponto. Mas ser briguenta e apontar muito o dedo nunca foi de mim. Então, não teria como eu fazer diferente lá dentro. Eu fui a Raquele do início ao fim.
+ BBB24: Raquele entra para ranking de maiores rejeições em Paredões
Como avalia a amizade que construiu com Giovanna e Michel? Acredita que jogar em trio foi positivo para o seu desempenho no BBB?
Eu quero muito saber como começou essa amizade porque foi surreal. Entramos no BBB pelo Puxadinho. No início, todos do Puxadinho conversavam com todo mundo. E do nada, em um piscar de olhos, virou só Raquele, Michel e Giovanna. O Lucas Henrique era do Puxadinho, o Juninho e o Davi também. Só que, para a casa, o Puxadinho era só eu, Giovanna e Michel. Quando a gente escutava “Puxadinho”, era o trio; a gente já sabia. Foi uma união por conexão. Giovanna foi a primeira pessoa que me abraçou. E o Michel parecia que eu conhecia há anos, a gente brincava, se zoava. Creio que jogar com eles foi positivo, sim, porque a gente pensava bastante coisas iguais. Ali, como é um jogo de pensamento e julgamento de comportamento das outras pessoas, a gente acaba indo para onde as ideias batem para se tornar mais forte.
Depois de um tempo seguindo apenas entre vocês três, seu trio optou por se aliar aos integrantes do quarto Gnomos [Fernanda, Pitel, Rodriguinho, MC Bin Laden]. Por que jogar com eles e não com os componentes do Fadas?
A gente via que as ideias deles batiam com as nossas. Se não batesse, eu não me juntaria porque, por mais que eu esteja em um grupo, eu sempre vou pela minha cabeça. Um dos meus objetivos no jogo era nunca me deixar levar nem manipular pelos pensamentos dos outros. Vimos que se juntar aos Gnomos era uma estratégia boa. Eles tiveram a estratégia de puxar a gente e a gente teve a estratégia de aceitar o convite. Isso porque no “tiroteio” entre Gnomos e Fadas a gente ia ficar no meio, ou seja, seríamos alvo fácil novamente, como fomos no início do jogo. Para mim, era uma boa estratégia porque seriam somente dois grupos na casa, um contra o outro, e a gente não ficaria no meio sendo alvo de ambos. Com o Fadas a sintonia não bateu, não teve identificação. Não ia adiantar forçar, e eu também não queria passar algo mentiroso. Preferia estar ao lado de pessoas com quem me sinto bem do que forçar uma coisa que não era verdadeira.
Mesmo estando do lado oposto ao de Isabelle mais recentemente no jogo, você mantinha uma relação boa com ela e chegou a colocá-la em seu terceiro lugar no pódio. Porém, não jogavam juntas. Chegou a pensar em chamá-la para mais perto no jogo?
Em momento algum eu pensei em chamar a Isabelle para jogar com a gente porque ela sempre deixou muito claro com quem se sentia à vontade para jogar. E não é porque ela não se sentia à vontade de jogar com os Gnomos que eu não iria me juntar a eles. Até porque, no jogo, a gente sabe que no final só ganha um, e eu tinha que ter a minha estratégia. Eu me senti à vontade de ir, mas nunca larguei a mão dela. Sempre gostei dela, desde o início. Quando eu falava em pódio, ela estava no meu quarto lugar. Com o Michel saindo, ela foi para o terceiro, subindo de escadinha (risos). Em nenhum momento coloquei ela no meu pódio por estratégia. Foi de coração mesmo, por mais que ela estivesse do outro lado. Por mais que a gente tenha dado uma afastada, e eu senti um pouco de falta, sei que a Isabelle também é alguém que vai pela própria cabeça. Então deixei ela respirar, ter o momento dela. Mas sempre tinha o “bom dia” com aquele abraço gostoso que ela dava, o “boa noite” com as palavras de conforto que ela tinha também… Nunca quis fazer a cabeça dela para o jogo.
+ Tadeu Schmidt afirma que Raquele merecia ser a vencedora do BBB24: ‘campeã’
Qual eliminação desta temporada foi mais surpreendente para você?
A da Deniziane. Ela foi a pessoa que eu indiquei ao paredão na minha liderança. Mas, lá dentro, mesmo sem saber como medir forças, a gente observava que ela tinha boas atitudes e imaginava que pudesse estar forte aqui fora. Em um primeiro momento achei que fosse um paredão falso. Aí deu sexta e ela não voltou, sábado, e eu falei: “É, saiu de verdade”. Então, foi uma pessoa que eu indiquei ao paredão, saiu, mas eu fiquei surpresa com a saída.
O que foi mais difícil de enfrentar no BBB?
A saudade de casa. Eu nunca tinha ficado tanto tempo longe da minha família. Eu evitava falar sobre isso porque, só pelo fato de eu sentir, o olhinho já começava a encher de água, e eu não queria ficar tão sensível assim. Me conectar com as pessoas no jogo, no início, também foi difícil para mim.
Que diferenças você observa do seu primeiro para seu segundo paredão?
No primeiro paredão, eu pensava: “Caramba, se eu sair agora, eu não mostrei nada de mim; o Brasil não conheceu a Raquele nem um pouco”. Pensava que eu sairia sem conquistar oportunidades que, de repente, eu vou ter agora, com mais de 70 dias de programa. Tinha muito medo de sair muito cedo sem mostrar quem eu realmente sou. Nesse segundo, eu estive tranquila. O que também foi um pouco assustador, porque eu não sabia se essa tranquilidade era porque eu sentia que iria sair, principalmente por estar enfrentando duas amigas que uniriam torcidas no voto para me eliminar, ou porque acreditava que eu iria ficar. Mas eu saio com o sentimento de que deu tempo suficiente de mostrar quem eu sou.
Quem é a Raquele antes do BBB e a de depois do reality?
Ainda está muito cedo para eu dizer o que mudou, saí ontem do jogo, nem dormi direito. Pelo menos meu nome ainda sei (risos). Mas não tive tempo de pensar direitinho, de refletir. Meu maior medo era entrar uma Raquele e sair outra. Até agora eu posso falar que entrei a mesma Raquele que saiu. Mas tenho que ver tudo que vai acontecer ao longo desses dias, como vou ficar e me comportar, olhar para dentro de mim, me reconectar. Acho que a gente precisa muito disso depois que sai daquele turbilhão de coisas.
Quem tem mais chances de ganhar o ‘BBB 24’, na sua opinião? E por quem é a sua torcida?
Dentro da casa, eu via muita força no Lucas e na Pitel. Eles têm posicionamentos e falas muito legais, sabem argumentar, defender a ideia deles. Mas minha torcida, lógico e com certeza, fica para a Giovanna e a Isabelle, que estavam no meu pódio e, já que eu saí, eu quero que levem o prêmio. São duas pessoas maravilhosas que eu quero levar para a minha vida, pessoas muito importantes e que fizeram muita diferença para mim lá dentro.
Quais são seus planos pessoais e profissionais para daqui para frente? Vai se arriscar na música dessa vez ou voltar a fazer doces?
O pessoal falou muito dos meus “takezinhos” cantando na festa, e isso me surpreendeu, porque eu estava ali curtindo, dançando e cantando como se ninguém tivesse me observando. E, de repente, eu saio e vejo um vídeo meu cantando e as pessoas gostando, comentando. Então, se aparecer uma oportunidade, por que não tentar algo diferente? Sobre a doceria eu tenho que conversar com meu sócio, que é o meu noivo, para ver como vai ficar (risos). Mas é algo de que eu não queria abrir mão porque o doce mudou a minha vida, desde 2019 vem mudando. Não penso em largar de mão, mas vamos ver como vai ser, se eu vou dar conta disso tudo. Estou aberta a tentar novas oportunidades, novas coisas.
+ Raquele fica chocada ao descobrir mentira de Pitel em VAR do Bate-Papo BBB
E a faculdade de Engenharia Mecânica?
Eu gosto de começar as coisas e de terminar. Se eu vou ter tempo, vamos ver. Mas, posso tentar, né? A louca que quer fazer tudo (risos).