Quando fundou a Scooto, em 2017, Marina Vaz vinha de um histórico de atuação em empreendedorismo social, apostando em causas de impacto que acreditava. “Mas chegou uma hora em que precisava pensar em algo que trouxesse dinheiro também”, relembra.”Tinha um filho pequeno e precisava nos sustentar.”
- Siga o canal da Forbes e de Forbes Money no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
No início, o negócio era um serviço de software para controle de qualidade de call center. “Call center tem uma relação de trabalho muito ruim e o controle de qualidade não entrega nada. A gente queria oferecer uma melhor experiência ao cliente”, diz Vaz.
Mas a startup logo se transformou em um call center descentralizado, em que as mulheres atendem ou fazem os telefonemas sem sair de casa e podem escolher seus horários de acordo com suas necessidades. “As mulheres são mais bem pagas e têm horário flexível, que é ótimo para mães e cuidadoras, para mulheres que não conseguem mais espaço no mercado por conta da idade”, diz Marina Vaz.
Hoje, a Scooto é 100% formada por mulheres – 450 ao todo – e fechou o ano de 2023 com faturamento de R$ 18 milhões. Foi avaliada em R$ 60 milhões para a próxima rodada de investimentos, que deve ser aberta no segundo semestre. Mas a métrica principal do negócio é conseguir uma melhor avaliação vinda dos clientes do call center. “O NPS [Net Promoter Score, um índice que mede a fidelização do cliente] das empresas que nos contratam sobe 20 pontos logo no primeiro mês”, diz a fundadora.
Impacto social e resultados
Ao final, o dinheiro que Marina Vaz esperava veio sem que ela abandonasse o propósito e as causas sociais que defendia no início de carreira. “Mais do que resolver os problemas das empresas, me traz satisfação ter mulheres empoderadas. Após 2 ou 3 meses, elas mudam a postura, são mais assertivas, e o turnover cai para 1%.”
Leia também:
O recrutamento também foge do convencional. “A gente vai além do currículo, pois ele não diz sobre a capacidade profissional de alguém”, diz a empreendedora a respeito do processo seletivo. “Uma professora de ensino médio que consegue ensinar química para adolescentes sem dúvida tem uma incrível capacidade de vendas e de convencimento.”
Assim, o trabalho prévio de Marina Vaz e da equipe de recursos humanos da Scooto, junto às 350 mulheres que trabalham com o atendimento, é identificar talentos que nem sempre as trajetórias profissionais ou o currículo deixam claro. “Nosso sucesso é uma tese de mestrado para o mercado de trabalho mas, na hora de fazer o pitch, eu falo de resultados.”