Os Estados Unidos propuseram usar os lucros futuros gerados por ativos estatais russos para financiar a Ucrânia, em meio a divisão dos países do G7 sobre o que fazer com os 260 bilhões de euros congelados pelo ocidente desde que Moscou lançou sua invasão em larga escala ao território ucraniano, em fevereiro de 2022.
“Estamos em um ponto em que devemos explorar todas as possíveis vias para maximizar o valor das reservas imobilizadas para a Ucrânia. Não podemos esperar para sempre, sabemos disso”, disse ontem Daleep Singh, vice-conselheiro de segurança nacional dos EUA para economia internacional, em Kiev.
Singh explicou que a proposta dos EUA envolveria antecipar o “valor presente do fluxo de juros futuro dos ativos congelados, seja através de um título ou um empréstimo”.
Ele observou que os europeus já haviam demonstrado disposição para transferir juros das reservas para a Ucrânia de forma bianual, mas que existem maneiras de “aumentar o valor desses fluxos de renda ao longo do tempo“.
“Em vez de apenas transferir os lucros anuais das reservas, é conceitualmente possível transferir os lucros de 10 anos ou 30 anos, O valor presente desses lucros soma um número muito grande”, disse ele, de acordo com o “FT”.
A proposta está prevista para ser discutida pelos ministros das Finanças do G7 à margem das reuniões da primavera do Banco Mundial e do FMI na próxima semana. De acordo com Singh, o objetivo seria chegar a uma decisão sobre o assunto na cúpula anual de líderes do G7 em junho.
Segundo um plano da UE, ainda não adotado pelos 27 países-membros do bloco, a maior parte dos lucros futuros seria usada para comprar armas para as autoridades em Kiev, enquanto parte seria destinada à reconstrução do país devastado pela guerra. Com a inclusão da proposta dos EUA, um possível compromisso seria usar parte dos lucros para respaldar dívidas.
“Imagine que você tenha 1 bilhão de euros de rendimentos utilizáveis dessas receitas. Você pode alocar 300 milhões de euros para reconstrução, 300 milhões de euros para autodefesa da Ucrânia e 300 milhões de euros para apoiar a emissão de empréstimos… Você pode fazer pequenos bolsos desses montantes e distribuí-los para diferentes necessidades“, disse um diplomata da UE ao “FT”.
Grande parte do dinheiro russo congelado está na UE, incluindo aproximadamente 190 bilhões de euros em ativos do banco central russo mantidos na Euroclear, uma central de depósito de títulos com sede em Bruxelas. Estes geraram 3,85 bilhões de euros em lucros desde o início da guerra, levando os países europeus a discutirem a possibilidade de uso desses lucros para ajudar a Ucrânia.
A questão de usar as reservas russas congeladas para ajudar Kiev tornou-se mais urgente nos últimos meses, com a guerra agora em seu terceiro ano e ajuda adicional dos EUA à Ucrânia retida no Congresso americano.