A Ford aproveita a celebração de 60 anos de criação do Mustang para lançar a sétima geração do icônico “muscle car” no Brasil.
O Mustang GT Performance 2024 custa R$ 529 mil, já pode ser reservado e começa a ser entregue no final de junho com uma série de tecnologias inéditas no modelo, inclusive duas novidades desenvolvidas por profissionais brasileiros.
Apesar do visual, que parece uma evolução daquele visto no Mustang atual, há uma herança de detalhes da terceira geração (1979-1986), mas com muita tecnologia de assistência e de conectividade.
De acordo com designers e engenheiros do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento tanto de Camaçari (BA), quanto de Tatuí (SP), estas tecnologias servem para facilitar o cotidiano de quem já conhecia o Mustang e, de repente, está trocando um modelo antigo pelo mais novo. Mas também podem cativar novos clientes, pelo menos aqui no Brasil.
No mundo, sobretudo nos Estados Unidos (onde o Mustang vende quase 80% de sua produção), o Mustang é o modelo esportivo de duas portas mais vendido do mercado há pelo menos 10 anos. E deve seguir assim, já que não tem rivais do mesmo porte e estilo – a Chevrolet aposentou o Camaro, e a Stellantis vai trocar Challenger e Charger por modelos elétricos.
Atrasado no Brasil, onde só chegou em 2018, o Mustang ganhou, mas voltou a perder espaço para Porsche 911 e Porsche Taycan nos últimos dois anos.
Confira abaixo as 7 principais novidades do Mustang GT Performance.
Além de seis tons já existentes na paleta do Mustang 6 (Vermelho Arizona, Azul Estoril, Branco Ártico, Cinza Torres, Cinza Catalunha e Preto Astúrias), a sétima geração inclui um novo tom de azul e outro de vermelho.
Ambos foram desenvolvidos com a ajuda do Centro de Pesquisa e Tecnologia da Ford, que manteve cerca de 1.600 funcionários em Camaçari (BA), e entregam uma nova tecnologia de pintura automotiva, segundo a designer Andréa Sagiorato.
O Vermelho Zadar parece uma cor sólida, mas é mais vibrante e alegre que o Arizona, que tem tom metalizado mais para o cereja. O diferencial da nova cor está no uso de verniz tonalizado, também com tom de vermelho, para “acender, sem queimar” a cor principal, segundo a executiva da Ford.
O mesmo acontece com o Azul Algarve (imagem que abre esse texto) mas para um efeito oposto: ele é mais sóbrio que o Estoril, mas sem ser tão fechado quanto os tons de cinza, atraindo um outro perfil de comprador.
A grande “frustração” da última geração do Mustang, para os fãs, foi não entregar a habitual luz de seta (ou pisca) em sequência, indicando graficamente a direção de manobra do cupê.
Foi algo que a tecnologia de LED adotada não permitiu fazer. Com as novas guias de luz usadas no Mustang 7, as lanternas traseiras têm três elementos verticalizados que retomam o efeito clássico, mas vão além.
Sempre vermelhas, são vincadas, e a parte superior se ilumina para uso como luz de posição e de frenagem. No acionamento da seta, porém, a parte inferior das peças muda de cor (efeito obtido com voltagem diferente aplicada) gradualmente, recriando o efeito oscilante.
A tecnologia permitiu que a Ford fizesse o mesmo com os faróis, que também piscam e oscilam em diferentes momentos.
Essa aplicação foi totalmente criada no Brasil e é a mais curiosa. Já é padrão de alguns carros premium, sobretudo os fabricados no hemisfério norte do globo, ter partida remota do motor.
Com um toque na chave (ou até pelo app via celular), o motor é acionado à distância, o que além de permitir uma saída mais rápida, aciona também a climatização da cabine. Tudo conhecido.
A novidade do Mustang está em uma ação secundária: clicando mais algumas vezes em diferentes botões da chave, o carro passa a acelerar eletronicamente o motor (ou seja, ampliar o regime de rotações, mas sem acionar qualquer pedal ou liberar freios, claro).
Com isso, o V8 ronca três vezes seguidas, quase um código implícito das disputas de arrancada. Funciona a até 45 metros de distância do carro, segundo a Ford.
O visual da cabine é dos anos 1980, mas é impossível ignorar as duas telas (de 12,4 para instrumentos e 13,2 polegadas para o Sync4) que formam uma única peça gigante.
Voltada ao condutor, essa peça lembra o cockpit de um avião caça, segundo a Ford, mas seus comandos e informações não são, na teoria, difíceis de operar, por conta da “gamificação” do uso.
Comandos de climatização são fixos, na base da tela central, para agradar motoristas “de raiz”, enquanto as demais funções ficam a poucos cliques de uso e podem ser gravadas uma única vez em até seis memórias, para fácil uso.
“Quando você entra no novo Mustang, recebe logo este tapa de tecnologia, mas percebe que é tudo funcional e com proposta de facilitar o uso esportivo”, afirma o gerente de marketing Dennis Rossini.
Segundo a Ford, usuários do Mustang anterior reclamavam do carro ser “seco” em funcionalidades para um carro de mais de meio milhão de reais. Havia painel configurável e até ACC, mas os modelos europeus sempre ofereceram mais.
Assim, a nova geração traz mais funções semiautônomas e de conectividade.
Há ainda internet a bordo, conexão com Android Auto e Apple Carplay sem fio (além de entradas USB A e USB C), carregador sem fio de celular, comandos por voz e até aplicativos da Ford que prometem facilitar a condução normal, mas também a pilotagem esportiva e a prática da derrapagem (inclusive, há alavanca tradicional para o freio de estacionamento).
Mas os computadores de bordo permitem ainda que o carro alerte o condutor de outros veículos transitando fora do alcance dos retrovisores, algo fundamental para um veículo com a traseira ampla e as vigias traseiras pequenas do Mustang.
Também existe um controle automatizado maior da assistência do volante do Mustang, que pode auxiliar o condutor a desviar ou ultrapassar obstáculos.
Essa função é obrigatória por lei no Brasil e em outros mercados, mas motoristas reclamavam que o ESC (controle de estabilidade e de tração) estragava a diversão a bordo do Mustang, por ser muito restritivo, mesmo com modo Pista ativado.
Na nova geração, o controle foi programado para ser mais permissivo no modo de condução mais esportivo, conforme o motorista dosa melhor acelerador, freios e volante. Além disso, no modo Pista Drag, o carro entrega performance evolutiva, de acordo com carga de aceleração, sem parecer “capar” o Mustang. E pode ainda ser totalmente desligado nestes modos de condução.
O nome é em inglês (pot hole mitigation system, ou sistema que evita a queda em buracos) mesmo, mas pode ajudar a encarar as ruas atribuladas no Brasil, se entregar o prometido.
Além de suspensão com sistema hidráulico magnético (cápsulas de metal deixam o fluido mais denso e aumentam rigidez do amortecedor quase que instantaneamente), o novo Mustang tem sensores que leem a pista 1.000 vezes a cada segundo.
Ao detectar um buraco no trajeto, o sistema magnético é acionado para enrijecer o fluxo e evitar que suspensão percorra todo o seu curso mais “solta”, o que pode danifica não só o conjunto, como também as rodas de 19 polegadas e os pneus Pirelli P-Zero de alta performance.