O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, durante entrevista coletiva de encerramento do encontro do G20 nesta quinta-feira, que as notícias econômicas desta semana trouxeram uma nova perspectiva global. Segundo ele, houve uma reversão drástica de expectativas e agora há incertezas de como as variáveis macroeconômicas devem se “comportar ao redor do mundo”.
“Nos Estados Unidos, na Europa, no Brasil, nos países emergentes e assim por diante. Como disse o Roberto [Campos Neto, presidente do Banco Central], é um momento agora em que essas placas tectônicas estão se acomodando e nós temos que ter um pouco de cautela para saber quando é que isso vai parar”, disse Haddad ao comentar os movimentos da semana que levaram à desvalorização do real frente ao dólar.
De acordo com Haddad, houve reversão de expectativas sobre o corte de juros da economia americana pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano), e é preciso entender melhor esses impactos que, na avaliação dele, devem ter repercussão “global”.
“Não é pouca coisa que vai acontecer. Não é pouca coisa, mas é importante o que aconteceu e nós temos que ter uma cautela e acompanhar os próximos dias e semanas porque vai haver um reposicionamento global”, falou Haddad.
O ministro disse ainda que conversou com Campos Neto sobre as divulgações recentes da inflação no Brasil e nos Estados Unidos nesta semana e a meia hora entre as duas divulgações ajuda a “entender bem a mudança do momento”.
“E, de fato, havia uma clara sinalização de muitas apostas para o mercado. Quando o mercado aposta forte, qualquer reversão de expectativa machuca muito o investidor. E o mercado estava muito comprado na tese de que, de fato, em algum momento do primeiro semestre [haveria corte de juros nos EUA]”, destacou Haddad, que concluiu dizendo que havia razões para acreditar nisso já desde o ano passado.
“Porque, de fato, a sinalização da autoridade monetária dos Estados Unidos era essa. Quando veio o susto de março, houve uma reversão drástica de expectativas e isso mudou muito os rumores em relação a como vão se comportar as variáveis macroeconômicas no mundo afora”, disse.
Haddad está na capital dos Estados para as reuniões de primavera do FMI e Banco Mundial e G20. O ministro antecipou seu retorno ao Brasil para a noite desta quinta-feira para se dedicar à agenda econômica em Brasília, onde o Executivo busca a aprovação no Congresso de projetos estratégicos para a agenda econômica do país.
Ainda em Washington, o ministro Haddad terá encontros com o senador americano Bernie Sanders e uma reunião bilateral com o ministro de Finanças da China.