De vez em quando, o campo magnético do Sol “arrota” jatos colossais de plasma para o espaço. São as chamadas ejeções de massa coronal (CMEs).
Se uma CME atinge a Terra, pode provocar tempestades geomagnéticas que podem ser fracas, moderadas, severas ou fortes, resultando, normalmente, em auroras espetaculares – e, em alguns casos, em interrupções de redes elétricas, falhas em sistemas de comunicação e até arrasto de satélites.
Um artigo publicado na segunda-feira (1º) no periódico científico Astrophysical Journal revela a primeira vez que a sonda solar Parker, da NASA, observou dentro de uma CME expelida por uma erupção solar, em novembro de 2021.
Segundo o artigo, o instrumento de detecção de luz visível WISPR (sigla em inglês para Imageador de Campo Amplo da Sonda Solar Parker Solar) registrou redemoinhos no interior do jato, que indicam a evolução da turbulência durante a interação entre uma CME e o vento solar circundante na área ao redor do Sol, conhecida como espaço circunsolar.
Esses redemoinhos são o que os físicos chamam de instabilidades de Kelvin-Helmholtz (KHI). De acordo com os cientistas, os eventos KHI ocorrem sempre que um pedaço de fluido em movimento rápido interage com outro.
Normalmente vistos na atmosfera da Terra como sequências de nuvens em forma de onda crescente, os eventos KHI resultam do intenso cisalhamento (deformação) do vento entre diferentes altitudes da nuvem.
“A turbulência que dá origem ao KHI desempenha um papel fundamental na regulação da dinâmica das CMEs que fluem através do vento solar ambiente”, disse Evangelos Paouris, físico solar da Universidade George Mason, em um comunicado. “Portanto, entender a turbulência é fundamental para alcançar uma compreensão mais profunda da evolução e cinemática da CME”.
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Desde que a Sonda Solar Parker foi lançada, em 12 de agosto de 2018, sua órbita elíptica tem permitido que ela alcance a coroa solar mais perto do que nunca – em essência, tornando-se o primeiro objeto feito pelo homem a entrar na atmosfera externa do Sol, a apenas 11,5 raios solares da superfície do astro.
A espaçonave passou repetidamente por Vênus para usar a gravidade do planeta para aumentar sua velocidade e reduzir sua órbita ao redor do Sol. Em novembro deste ano, a sonda passará por Vênus pela sétima vez, apertando seu circuito sobre o Sol novamente, ao ponto de chegar a apenas 9,5 raios solares do Sol a partir do ano que vem.
Sondas da ESA e da NASA se aproximam do Sol ao mesmo tempo pela primeira vez
Nesta semana que antecede o eclipse solar total de abril, as sondas Solar Orbiter, da Agência Espacial Europeia (ESA) em parceria com a NASA, e Parker Solar Probe, um projeto exclusivo da agência americana, estão em aproximação máxima do Sol ao mesmo tempo pela primeira vez.
Ambas as espaçonaves têm órbitas muito excêntricas, voando perto do Sol para uma visão aproximada e, em seguida, recuando para longe, para dar à instrumentação a bordo a chance de se recuperar do calor intenso e da radiação. Saiba mais aqui.