É “lamentável” que a governança da Petrobras (PETR4) sofra turbulências envolvendo as discussões de eventual troca do presidente da companhia, em meio a rusgas entre integrantes do governo e o CEO Jean Paul Prates, disse nesta sexta-feira Francisco Petros, um dos conselheiros da estatal.
“A turbulência informacional acaba por criar grande inquietação para mercado, empresa e profissionais, o ponto baixo desse processo tem sido a disseminação de informações até de caráter reservado”, disse Petros, em entrevista à GloboNews.
As notícias em torno da saída do atual CEO acontecem após discordâncias entre o executivo e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ficarem públicas, em temas envolvendo o pagamento de dividendos extraordinários da estatal.
As Ações mais Promissoras da Bolsa
Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita
O conselheiro eleito pelos acionistas minoritários ressaltou que a governança da Petrobras mudou após a Operação Lava Jato e que a companhia tem parâmetros de conformidade legal, ética e capacidade profissional que devem ser seguidos.
“A Petrobras, para o bem inclusive do próprio Estado brasileiro, não é um caudatário da mera decisão de um ou de outro acionista.”
Volatilidade das ações da Petrobras preocupa
Petros disse também que a forte volatilidade das ações da Petrobras em meio aos rumores de troca no comando da estatal traz “muita” preocupação para o conselho, uma vez que afeta diretamente o nível de risco associado à companhia em emissões e captações.
Segundo ele, os conselheiros da estatal têm o dever de observar esse cenário e “minimizar riscos” para a companhia.
“Ao fim e ao cabo, as responsabilidades são iguais, os deveres são iguais, inclusive do ponto de vista legal… Muitas vezes quem está fora da empresa, inclusive dentro do próprio governo, tem a visão de que o dever primordial do conselheiro do governo é para com o governo, gostaria de alertar que isso é muito arriscado”, observou.
Questionado sobre a gestão de Prates, ele disse ter uma avaliação positiva, mencionando que o executivo é um profissional competente e com bom relacionamento internacional.
Os rumores de mudança na presidência da Petrobras cresceram na véspera. Mais cedo nesta sexta-feira, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, afirmou que a Petrobras contará com um ambiente de “estabilidade” nas próximas horas ou nos próximos dias.
Incertezas
Na avaliação do JP Morgan, a eventual mudança no comando da estatal deveria ser reavaliada pelo governo, já que a medida traria “incertezas” em relação a pilares fundamentais para a Petrobras.
“Jean Paul Prates já possui mais de um ano de mandato na Petrobras e, durante esse período, sua gestão abordou pilares fundamentais para a Petrobras — como política de preços, política de dividendos e planos de investimentos — e embora todos eles tenham sido alterados, as mudanças não foram drásticas o suficiente para trazer riscos à tese de investimento”, disse o banco em relatório.