A temperatura voltou a subir na relação entre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o núcleo de articulação política do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), indicando possíveis dificuldades para o Palácio do Planalto nos próximos dias.
Na quinta-feira (11), ao participar de um evento do agronegócio no Paraná, Lira fez duras críticas ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), com quem vem se desentendendo desde o início do terceiro mandato de Lula.
As declarações do presidente da Câmara foram dadas no dia seguinte à manutenção da prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), apontado pela Polícia Federal (PF) como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), em março de 2018.
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O governo apoiou a manutenção da prisão do parlamentar. Lira foi questionado se teria ficado “enfraquecido” com o resultado da votação no plenário da Câmara. Alguns de seus maiores aliados articularam pela derrubada da prisão de Brazão.
“Essa notícia de hoje, que você está tentando verbalizar porque os grandes jornais fizeram, foi vazada pelo governo e, basicamente, pelo ministro Padilha, que é um desafeto, além de pessoal, incompetente”, disparou o presidente da Câmara.
“Não existe partidarização. Eu deixei bem claro que ontem a votação é de cunho individual, que cada deputado é responsável pelo voto que deu. Não tem nada a ver”, completou Lira.
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O presidente da Câmara, que já vem articulando sua sucessão à frente da Casa (a eleição da Mesa Diretora ocorre em fevereiro de 2025), classificou como “lamentável” o que chamou de “vazamento” por parte do governo Lula.
“É lamentável que integrantes do governo interessados na estabilidade da relação harmônica entre os Poderes fiquem plantando essas mentiras, essas notícias falsas que incomodam o Parlamento. E depois, quando o Parlamento reage, acham ruim”, criticou Lira.
Padilha responde
Também na quinta-feira, horas depois das declarações de Arthur Lira, Alexandre Padilha usou as redes sociais para rebater os ataques, embora não tenha citado expressamente o nome do presidente da Câmara.
O ministro das Relações Institucionais compartilhou um vídeo de um evento, nesta semana, em que Lula elogiou sua atuação à frente da articulação política do governo. Para o presidente, Padilha tem o “cargo mais espinhoso do governo”.
“Ter ouvido isso ontem, publicamente, do maior líder político da história do Brasil, é sempre uma honra para toda a equipe do Ministério das Relações Institucionais. Agradecemos e estendemos esse reconhecimento de competência ao conjunto dos ministros e aos líderes, vice-líderes e ao conjunto do Congresso, sem os quais não teríamos alcançado os resultados elogiados pelo presidente Lula, com a aprovação da agenda legislativa prioritária para o governo e para o Brasil”, escreveu o ministro em sua conta no X.