Os fãs de Ludmilla já estavam em polvorosa nas redes sociais quando a artista subiu no palco principal do Coachella, na Califórnia, na tarde deste domingo, acompanhada de uma introdução surpresa —um áudio enviado pela cantora Beyoncé. “Diretamente do Rio de Janeiro para a Califórnia, e agora aqui no Coachella, senhoras e senhores: Ludmilla”, disse.
A breve apresentação foi seguida por uma mensagem política da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), contra o racismo, a homofobia e outros preconceitos. “Respeite minha história, respeite meu povo e minha comunidade, respeite a mulher negra mais ouvida na América Latina”, disse pelos alto-falantes, em inglês.
Após esse prelúdio, Ludmilla abriu o show com “Tropa da Lud” e emendou com “Rainha da Favela”, enquanto um telão exibia imagens das comunidades brasileiras.
Apenas dez minutos antes da brasileira começar o show, a hashtag #Ludchella já estava nos assuntos mais comentados do X, o antigo Twitter, no Brasil. No festival, além do público americano, a plateia também tinha alguns brasileiros, que entoaram as letras em português e vestiam bandeiras do Brasil.
Neste ano, o evento foi transmitido pelo YouTube, mas não simultaneamente. O show de Ludmilla foi exibido no canal do festival na íntegra neste domingo às 23h40, cinco horas após a apresentação.
Ao lado de seus dançarinos, Ludmilla dançou e rebolou ao som das batidas de funk carioca após cantar “Onda Diferente”. Depois, a cantora ficou sozinha no palco para entoar o ritmo lento da balada romântica “Amor Difícil”, com um drink na mão.
Foi um esquenta para “Maldivas”, que a funkeira apresentou ao lado de sua mulher e dançarina, Brunna Gonçalves. As duas dominaram o palco com uma coreografia romântica e sensual, em que Gonçalves se livrou de uma peça de roupa por vez enquanto Ludmilla entoava os versos. “Eu caso com essa mulher e vou parar lá em Maldivas/ Eu por baixo, tu por cima/ Aquela adrenalina, você toda possuída.”
As duas encerraram a música com um beijo e foram de mãos dadas para a coxia.
A montagem do palco remetia à extravagância habitual dos shows de Ludmilla, que em suas apresentações no Brasil já saiu de dentro de cofres dourados descendo do teto, com bailarinas e imagens de artistas das favelas exibidas em enormes telões.
No Coachella, a artista se apresentou sobre uma escada espelhada que imitava barras de ouro, enquanto chamas saiam das laterais do palco.
Ludmilla é a primeira cantora negra, latino-americana e LGBTQIA+ a se apresentar no palco principal do Coachella, mais importante festival de música dos Estados Unidos e uma vitrine global para artistas consagrados e em ascensão.
O momento para atrair um público internacional parece ideal para a cantora, que lançou recentemente “Piña Colada”, seu primeiro hit em espanhol.
O ineditismo do Brasil nos palcos do festival foi quebrado em 2022, quando Anitta e Pabllo Vittar se tornaram as primeiras brasileiras a se apresentarem por lá.
A artista que mistura funk, pop e recentemente até pagode já se consagrou como uma das maiores artistas nacionais do momento, e deverá começar a sua turnê por estádios do país, “Ludmilla in The House”, que comemora dez anos de carreira, no dia 25 de maio.
Em suas últimas apresentações por festivais brasileiros, Ludmilla mostrou que seu sucesso é grande demais para caber em palcos secundários. Nas edições de 2023 do The Town e do Lollapalooza, a carioca lotou os palcos principais de fãs que pularam espremidos ao som de hits como “Hoje” e “Onda Diferente”.