O presidente francês, Emmanuel Macron, classificou como “péssimo” os atuais termos do acordo comercial entre União Europeia (UE) e Mercosul e reiterou que não pode defendê-lo da forma como ele se encontra.
“Não posso defender esse acordo”, continuou o francês, afirmando que, sob ele, empresas francesas regidas por leis ambientais mais duras — como no caso de agrotóxicos, exemplificou — vão enfrentar competição de empresas que não seguem os mesmos padrões.
“Digo isso num país que produz com menos carbono. As empresas brasileiras têm essa sensibilidade, o governo está empenhado na questão da luta contra o desmatamento. Então precisamos deixar de lado noções de algo construído 20 anos atrás e buscar um novo acordo, construído com base em novos objetivos, que tenha o a luta contra o desmatamento, as mudanças climáticas e a luta pela biodiversidade no centro das prioridades”, disse Macron.
O discurso do presidente francês veio na direção oposta das falas de autoridades e representantes do empresariado brasileiro que também participaram do evento na Fiesp. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que discursou logo antes, lembrou da parceria de longa data entre os países e acrescentou: “A França é um grande parceiro comercial do Brasil, mas podemos fazer crescer ainda mais.”
Macron, que iniciou seu discurso lembrando da forte presença de capital e de empresas francesas no Brasil e pedindo que o investidor daqui olhe com mais carinho para a França, defendeu a busca de um acordo que inclua parcerias cruzadas para descarbonização das indústrias e investimento para tornar mais limpas atividades econômicas e a produção de energia.
“Brasil o conseguiu enfrentar períodos muito desafiadores, tem crescimento sólido esse, soube controlar inflação e resistir às agitações que as vees sofrem as democracias do mundo”, disse. “Temos confiança no Brasil, no seu modelo de crescimento. Temos que nos unir e estou convencido que esta união é parte da solução para ganhar a batalha do clima e da biodiversidade”.