O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, nesta segunda-feira (1º), classificou como “circo” a preocupação de outros países com a confiabilidade e a transparência das eleições venezuelanas marcadas para 28 de julho. A fala foi durante um programa da TV estatal, chamado de Maduro+.
“Começou o circo, começou a campanha, há nervosismo em Washington, (…) , há nervosismo na direita regional, deixem de ser nervosos”, disse o líder venezuelano durante a transmissão televisiva semanal.
Ainda segundo Maduro, a Venezuela tem um dos sistemas eleitorais mais confiáveis, transparentes e auditados do mundo. Ele acusou os Estados Unidos de liderarem o que chamou de campanha para deslegitimar o sistema venezuelano de votação.
“Na Venezuela, haverá eleições livres, verificadas, garantidas e ponto final”, reforçou Maduro sob aplausos durante o programa na televisão.
Países como os Estados Unidos, a Colômbia e o próprio Brasil expressaram preocupação com o desenrolar do processo pré-eleitoral na Venezuela após uma opositora a Maduro não conseguir se registrar como candidata na votação.
Corina Yoris, representante do maior bloco de oposição ao governo, denunciou que foi impedida de apresentar candidatura virtualmente e que não conseguiu fazer o registro, mesmo indo pessoalmente ao Conselho Nacional Eleitoral do país. Ela havia sido indicada para a disputa por María Corina Machado, desqualificada do pleito pela justiça.
Com os obstáculos às opositoras, o governo do Brasil emitiu uma nota expressando preocupação com a eleição após o prazo para o registro de candidatos se esgotar. Segundo a nota do Itamaraty, o impedimento à candidatura de Yoris “não é compatível com o Acordo de Barbados”. Foi uma referência ao acordo firmado no ano passado e que estabelece garantias políticas para eleições livres na Venezuela.
Os venezuelanos responderam ao Brasil dizendo que a nota do ministério das Relações Exteriores pareceu ter sido “ditada” pelos Estados Unidos.
Também em março, uma missão da ONU concluiu que houve uma reativação da repressão política a opositores de Maduro na Venezuela, com prisões arbitrárias e desaparecimentos. Segundo as Nações Unidas, o governo foi responsável por criar um “clima de medo”. O Palácio Miraflores, sede da presidência venezuelana, afirmou que as alegações da ONU são infundadas.