Um medicamento para diabetes pode desacelerar o desenvolvimento dos sintomas de Parkinson, segundo um novo estudo publicado no The New England Journal of Medicine. Chamado lixisenatida, o remédio faz parte da mesma família de compostos semelhantes usados em medicamentos para a diabetes e para a obesidade, como o Ozempic e o Wegovy, respectivamente.
Durante o período do estudo, que levou 12 meses, os participantes que tomaram lixisenatida não apresentaram piora dos sintomas. Mais pesquisas são necessárias para controlar os efeitos secundários da medicação e determinar a melhor dose para a prevenção do Parkinson, mas, para os autores do estudo, esse é um passo promissor no esforço para combater a doença neurodegenerativa.
“Este é o primeiro ensaio clínico multicêntrico em grande escala que fornece os sinais de eficácia que têm sido procurados há tantos anos”, afirma Olivier Rascol, investigador de Parkinson no Hospital Universitário de Toulouse, em França, e líder do estudo, em comunicado.
A lixisenatida é um agonista do receptor do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1). A semaglutida, presente no Ozempic e Wegovy, também é um composto GLP-1. Estudos anteriores já haviam sugerido que alguns medicamentos com esse composto poderiam retardar os sintomas de Parkinson. Ensaios menores, publicados em 2013 e 2017, sugeriram que a molécula GLP-1 exenatida, outro medicamento para diabetes, poderia ter o mesmo efeito.
Isso pode estar relacionado ao fato de que esses medicamentos influenciam nos níveis de insulina e glicose no sangue, controlando o diabetes que, segundo estudos já realizados, pode aumentar a probabilidade de desenvolver Parkinson.
No estudo mais recente, os pesquisadores investigaram a lixisenatida em 156 pessoas com sintomas leves a moderados de Parkinson. Todas elas já tomavam um medicamento padrão para Parkinson. Metade dessa amostra recebeu o medicamento para diabetes durante um ano, enquanto o restante recebeu placebo (grupo controle).
Após 12 meses, os participantes do grupo controle apresentaram piora dos sintomas de Parkinson — a pontuação deles aumentou três pontos em uma escala para avaliar a gravidade da doença, segundo o estudo. Já aqueles que tomaram lixisenatida não tiveram suas pontuações alteradas nesta mesma escala.
No entanto, mais estudos e avaliações são necessários para entender se os efeitos do medicamento para desaceleração do Parkinson duram mais de um ano (período do estudo). Outra questão a ser considerada é como esse tipo de medicamento pode proteger contra o Parkinson. Algumas hipóteses apontam para o fato de o GLP-1 reduzir a inflamação, o que poderia prevenir a perda de neurônios produtores de dopamina que impulsionam a doença.
Os pesquisadores do atual estudo estão aguardando os resultados de um ensaio clínico maior que examina os efeitos de um tratamento de dois anos com exenatida em pessoas com doença de Parkinson.