O primeiro modelo em escala real da aeronave elétrica desenvolvida pela Eve Air Mobility, fundada pela Embraer, tem previsão de ficar pronta até o fim de 2024, quando devem começar os chamados testes de voo do equipamento.
Os primeiros testes de voo com o modelo piloto do veículo elétrico de pouso e decolagem vertical (eVTOL) vão começar até o fim deste ano e serão realizados na fábrica da Embraer em Gavião Peixoto, no interior de São Paulo.
A fase de testes e desenvolvimento tem entre os objetivos abastecer relatórios e dados enviados para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que iniciou o processo de regulamentação dos chamados “carros voadores”. Não existe um regulamento específico para os eVTOLs, pois o modelo é recente na aviação internacional.
“Uma das grandes vantagens competitivas da Eve é poder contar com toda a infraestrutura que a Embraer já tem. Então isso faz a gente ser mais rápido e ter menos custo de desenvolvimento”, disse o CEO da Embraer X, braço da Embraer.
O projeto da aeronave elétrica foi incubado originalmente pela Embraer-X. Atualmente, a Eve Air Mobility é uma empresa independente, listada na Bolsa de Nova York, e tem a Embraer como principal acionista.
A carteira de pedidos do veículo voador EVE-100 conta com 2.800 encomendas e valor total de US$ 8,6 bilhões. Os clientes são operadores de helicópteros, companhias aéreas, empresas de leasing e plataformas de voos compartilhados em todos os continentes. A Eve Air Mobility informou que são 335 veículos encomendados no Brasil, dos quais 100 são para a Avantto, 50 para a Helisul, 50 para a OHI (Revo), 40 para a FlyBIS, 25 para a Flapper e 70 para a Voar.
“A primeira leva de encomendas será entregue tão logo a Anac certifique os veículos”, afirmou Moczydlower. “O que a gente imagina é uma rampa, com poucas unidades nos primeiros anos, mas começando a subir em 2027 e 2028”, completou o presidente.
A primeira fábrica de eVTOL da Eve será instalada em Taubaté, no estado de São Paulo. O modelo de negócios não prevê a venda direta da aeronave para pessoas físicas. A ideia é que o uso comercial seja parecido ao de companhias de táxi aéreo, com voos de dez a 15 minutos.
O potencial do mercado de mobilidade aérea urbana é estimado em dois bilhões de passageiros por ano, a ser atingido no período entre 2030 e 2035, segundo estimativas da Embraer X. A ideia da empresa é democratizar o transporte aéreo com viagens urbanas de curta distância e preços acessíveis.
“A nossa projeção é que os voos cheguem a uma faixa de preço que não seja tão acima do que se gastaria em um táxi, preso duas horas no trânsito. A ideia é pagar esse mesmo valor em um voo de dez minutos”, prevê Moczydlower.
O compartilhamento das viagens, o uso de baterias elétricas e o custo de manutenção são apontados como vantagens comparativas dos eVTOLs da Embraer. O veículo será 100% elétrico à bateria e capaz de transportar quatro passageiros e mais o piloto, por uma distância de até 100 quilômetros.