Plataforma de tokenização de imóveis, a netspaces projeta que irá vender licenças para tokenizar imóveis em 100 cidades brasileiras em 2024. Essas licenças são destinadas a incorporadoras, imobiliárias e outras empresas do setor que queiram vender casas e apartamentos tokenizados a seus clientes. Hoje, o recurso já está disponível em mais de 20 cidades.
Já do lado do incorporador que compra a licença para poder vender esses imóveis tokenizados, a oportunidade está em poder receber royalties daquele imóvel ao longo do tempo, em vez de ser remunerado apenas no momento da venda, tal qual ocorre no modelo tradicional.
“O mercado imobiliário é feito com churn de 100%. Ele constrói, bate o sino de venda e perde o produto. A instalação de um royaltie permite que se metade de um prédio foi tokenizada você não precise construir outro para faturar de novo. Vai aparecer na sua carteira digital o dinheiro dos imóveis que você construiu dez anos atrás quando eles forem revendidos”, explica Andreas Blazoudakis, CEO e fundador da netspaces.
A tokenização de imóveis ainda é um assunto polêmico juridicamente. A propriedade de um imóvel não pode ser passada totalmente para um contrato inteligente em blockchain. No caso da netspaces, a solução adotada foi um registro duplo, de modo que o token espelha o que está no ambiente registral. “Eu levo o token para matrícula no cartório e faço a permuta de token para propriedade civil”, conta Blazoudakis, que mostrou à reportagem uma matrícula de imóvel em que estava prevista esta permuta por tokens registrados no blockchain Ethereum. “É nesta permuta que criamos a propriedade digital.”
Hoje, o executivo diz que a empresa já tem mais de 40 imóveis tokenizados, com 30 mil pessoas que abriram carteiras digitais (wallets) na plataforma e 15 mil usuários que possuem tokens imobiliários. “Temos cerca de 15 mil proprietários de pequenas unidades de imóvel. As pessoas receberam na wallet para entenderem que podem vender, comprar e usufruir do aluguel.”
Na opinião de Blazoudakis, apesar de não haver ainda uma regulação específica sobre tokenização imobiliária no Brasil, o Código Civil já teria embasamento o bastante para o modelo de negócios da sua companhia. “A regulação completa virá, mas a que está no código civil é suficiente. Temos uma trava de que nosso sistema é on-chain na parte transacional, mas ele só funciona no nosso ambiente fechado. Não dá para colocar o token representando um imóvel em uma Coinbase, por exemplo”, esclarece. “O problema é que várias empresas chegaram neste mercado já querendo soltar o token para ser listado em uma corretora como a Binance e chegar aos investidores”, acrescenta. Blazoudakis acredita que falta compreensão sobre as imposições do sistema registral.