Com a crescente tecnologia em veículos, como câmeras, internet, softwares inteligentes e afins, não foi só o conforto do usuário que melhorou, mas o risco de ataques hacker e vigilância.
Pensando nisso, a União Europeia (UE) tentou brecar os riscos, especialmente nos veículos elétricos. Para tanto, o bloco criou duas regulamentações: a R155 e a R156, ao lado da Organização das Nações Unidas (ONU).
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As duas regulações são voltadas Pas ameaças à cibersegurança representadas por atualizações de software. Elas entram em vigor na UE em 7 de julho e impões exigências mais rigorosas às montadoras e fornecedoras, destaca o UOL.
O economista alemão Moritz Schularick considera que a cibersegurança na indústria automobilística é “questão de segurança nacional”. “Ela afeta dados sensíveis capazes de serem ‘sugados’, sobretudo dos carros elétricos. Do ponto de vista dos serviços de informações, esses veículos, com seus muitos sensores e câmeras, não passam de máquinas de espionagem sobre quatro rodas”, comentou ao jornal Handelsblatt em março.
Já em conferência sobre cibersegurança gerida pela DW em dezembro passado, Schularick alertou para os modernos carros elétricos, afirmando que eles trafegam mondo afora e “filmam tudo o que acontece à sua volta”, repassando os dados aos fabricantes, sendo a maioria de origem chinesa.
“A gente quer isso? Os olhos e ouvidos de um governo estrangeiro vigiando as nossas ruas através de milhões de automóveis?”, questionou, à época.
Veículos tecnológicos prejudicam a segurança do usuário?
- Relatório de março, chamado Cibersegurança Automotiva, do Centro de Gestão Automotiva (CAM), da Alemanha, e da Cisco, indica que os riscos à cibersegurança na indústria veicular são iminentes;
- Essa ameaça evolui na mesma proporção da interconexão e digitalização de veículos, produção e logística;
- “Com a proliferação de veículos definidos por software, eletromobilidade, direção autônoma e cadeia de abastecimento interconectada, os ciber-riscos aumentam sem cessar”, comenta Stefan Bratzel, diretor do CAM e um dos autores do estudo;
- A análise mostra a vulnerabilidade com exemplo de dois anos atrás, quando a Toyota precisou suspender sua produção quando um fornecedor teria sofrido possível ciberataque;
- Já em 2022, a Continental perdeu dados cruciais de seus sistemas de TI, mesmo tendo proteção maciça.
- Mais um exemplo? A Tesla, que em março do ano passado, foi alvo de hackers, que obtiveram acesso a funções de programação de controle dos carros, como buzinar, abrir porta-malas, ligar faróis e operar o sistema de infoentretenimento.
As novas normas estão, consequentemente, forçando as montadoras e remover alguns veículos de circulação. No caso da Volkswagen, por exemplo, o popular Up (bem-aceito no Brasil) e a van Transporter T6.1 são dois que estão dando adeus.
Já a Porsche precisou parar a fabricação do Macan, Boxter e Cayman, vendendo-os somente com motor a combustão e em países com regulamentações mais frouxas.
Há pouco, a agência de notícias DPA indicou que Audi, Renault e Smart foram na mesma linha e removeram alguns veículos mais antigos de seu catálogo, os quais não preenchem os requisitos de segurança da UE.
Por sua vez, o diretor de marcas da VW, Thomas Schäfer, observou que as medidas eras as melhores a serem tomadas dados os altos custos para deixar esses modelos conforme as novas normas. “Senão, teríamos que integrar toda uma nova arquitetura eletrônica, que simplesmente seria cara demais”, explicou.
Wiebke Fastenrath, da divisão de veículos comerciais da fabricante alemã, fez coro à fala de seu colega e explicou que a implementação dos regulamentos na T6.1, por exemplo, exigiria “investimentos muito elevados” em plataforma que será extinta.
“Devido à brevidade da vida restante do modelo, esses investimentos não foram feitos, sobretudo pelo fato de seus sucessores já estarem no mercado”, pontuou. Dessa forma, a VW estaria pronta a fazer a mudança “para o novo modelo de 2025”.
A porta-voz da Mercedes-Benz, Juliane Weckenmann, informou que a montadora está “bem-preparada” para adotar um sistema eletrônico mais seguro em seus carros.
“As normas não têm impacto sobre nosso catálogo. Toda nossa arquitetura preenche os requisitos e será oportunamente certificada de acordo com as UNs R155/R156”, disse.
Por fim, Bratzel observou que estratégia profissional de cibersegurança vem ganhando importância para “limpeza da indústria de automóveis”. O coautor da pesquisa, Christian Korff, funcionário da Cisco, entende que o setor “não pode se permitir vulnerabilidades no campo cibernético. Só quem proporciona veículos e serviços seguros em todos os níveis conservará a confiança dos consumidores”.