A prefeita de uma cidade do Equador foi morta a tiros no fim de semana, afirmou a Polícia Nacional no domingo (24). O país, que enfrenta uma onda de violência nos últimos anos, está em estado de exceção desde janeiro, após o governo declarar um conflito armado interno contra gangues.
A imprensa local afirma que a família de García havia avisado policiais sobre o desaparecimento dela desde o sábado (23), ao meio-dia. A política tinha 27 anos e fazia parte do Revolução Cidadã, liderado pelo ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017).
“Se é tão difícil para nós, imagino como devem estar suas famílias. Não tenho palavras”, escreveu Correa, na rede social X. A ex-candidata à presidência Luisa González, do mesmo partido, disse estar em estado de choque. “Ninguém está seguro no Equador”, afirmou.
Prefeita mais jovem do país
Formada em enfermagem, García chegou à chefia do Executivo municipal de San Vicente no ano passado, aos 26 anos – foi a primeira vez que uma pessoa de Canoa, região rural da cidade, chegou ao posto. A política se orgulhava de ser a prefeita mais jovem do país e destacava essa informação nas redes sociais.
Loor, por sua vez, era um jornalista que, antes de entrar para a política, havia trabalhado em alguns dos principais canais de televisão equatorianos, como Oromar TV, Ecuador TV e Capital Televisión. Nas eleições de 2023, foi assessor de imprensa de candidatos da Revolução Cidadã e, após a vitória de García, assumiu a Secretaria de Comunicação em San Vicente.
O Ministério de Governo do liberal Daniel Noboa repudiou o crime. “Ratificamos que não baixaremos a guarda na luta contra o terrorismo, o crime organizado e a corrupção política“, afirmou a Pasta. O governo disse ainda que seu “Plano Fênix” reduziu a violência graças à presença de militares nas prisões e nas ruas.
Desde janeiro, quando foi declarado o estado de exceção, autoridades dizem ter realizado cerca de 165 mil operações e mais de 12 mil detenções, além de terem apreendido cerca de 65 toneladas de drogas – o que não foi suficiente para arrefecer a violência.
No sábado, por exemplo, uma patrulha do Exército sofreu uma emboscada na província de Sucumbíos, na fronteira com a Colômbia, causando a morte de um soldado e ferindo outros três. Já na cidade andina de Latacunga, na região central, a polícia esvaziou um estádio onde estava sendo disputada uma partida de futebol profissional por causa de uma ameaça de bomba. Após a inspeção, os agentes encontraram no estacionamento uma mala com cinco cargas explosivas, que foram detonadas de forma controlada.
García se junta a pelo menos seis políticos ou candidatos que foram assassinados desde o ano passado no Equador – Agustín Intriago (prefeito de Manta), Rider Sánchez (candidato à Assembleia Nacional), Omar Menéndez (candidato à Prefeitura de Puerto López), Julio César Farachio (candidato à Prefeitura de Salinas), Diana Carnero (vereadora de Naranjal) e Fernando Villavicencio (candidato à Presidência).
O último, que ocorreu às vésperas das eleições que deram vitória a Noboa, foi o mais notório magnicídio dos últimos anos no outrora pacífico país. A nação, que sustentava alguns dos melhores índices de segurança da América Latina, tornou-se uma das mais violentas da região no ano passado. A crise chegou a um ponto crítico em janeiro, quando facções desencadearam uma onda de criminalidade após o líder da gangue “Los Choneros”, Adolfo “Fito” Macías, fugir da prisão de Guayaquil.
Após a fuga, o presidente declarou estado de exceção e de conflito armado interno contra cerca de 20 organizações de tráfico de drogas classificadas de “terroristas”.