Representantes de salas de cinema do país, por meio da Abraplex, a Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex, preparam uma mobilização em Brasília, na próxima terça-feira (23), para pedir que o setor seja novamente contemplado no Perse, o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos.
No mês passado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, recuou, mas decidiu reduzir de 44 para 12 as atividades contempladas pelo programa, em prol de uma versão “mais focada”. Entre os setores removidos da proposta, está o de exibição cinematográfica, numa decisão que a Abraplex vê como causadora de um eventual “desastre” para as salas de cinema do país.
“Queremos, com esse ato, reforçar junto aos parlamentares a importância do cinema para a sociedade. Estamos falando de pessoas, cidadãos, eleitores, que são prejudicados com essa exclusão do setor do programa”, diz Marcos Barros, presidente da Abraplex, fundador da Cinesystem e membro do Conselho Superior do Cinema, órgão da Ancine, por meio de nota enviada à imprensa.
“O cinema é uma forma democrática de entretenimento e hoje os brasileiros já estão prejudicados por uma demanda menor de filmes, já que a produção audiovisual foi também muito afetada pela pandemia”, afirma ainda, destacando que a cultura foi uma das prioridades anunciadas pelo presidente Lula (PT) ao assumir seu terceiro mandato.
O parque exibidor nacional vem tendo dificuldade para retornar aos patamares pré-pandemia. O setor foi um dos primeiros a fechar e dos últimos a retornar durante a covid-19 e, além das dívidas acumuladas, ainda sofre com um espectador menos propenso a ir ao cinema, graças, em parte, aos novos hábitos de consumo propagados por plataformas de streaming no período. Em 2023, o público das salas foi 36% menor que em 2019, segundo dados da Ancine.
Porta-vozes do setor, em conversa com parlamentares na próxima terça, devem reforçar a parcela ocupada pela exibição cinematográfica dentro do orçamento do Perse, de apenas 2%, e o provável fechamento de salas ao redor do país – hoje, avalia-se que alguns complexos continuam operando com números deficitários porque sequer têm caixa para encerrar suas atividades.
A Abraplex irá propor uma limitação do teto de uso do benefício para o equivalente ao faturamento do setor em 2019 e a proibição do aumento artificial de seu faturamento, driblando acusações de fraude feitas pelo governo às atividades removidas do Perse e facilitando a prestação de contas.
“O Perse não foi suficiente para resolver todos os desafios que ainda temos pela frente”, diz Barros, “mas é, sem dúvida, o instrumento que vem permitindo a recuperação, ainda que lenta, da atividade”.