Os dados de inflação dos Estados Unidos acima do esperado causaram espanto no mercado, com a bolsa no seu segundo dia consecutivo de baixa nesta quinta-feira (11) em meio à reavaliação dos investidores sobre o cenário macroeconômico.
“Mudança nas recomendações e preços-alvos das ações não é algo que acontece tão rápido, mas se esse cenário de inflação alta nos EUA continuar e pressionara nossa curva de juros, é possível uma reavaliação”, diz Jennie Li, estrategista da XP.
Ela lembra que as estimativas das companhias estão em tendência de alta nos últimos meses, apoiada no cenário de queda na inflação e dos juros aqui no Brasil. “Se o macro começar a piorar, os analistas vão reverter essa tendência.”
No mercado, o contágio nas ações é mais rápido porque estão reagindo à expectativa que o início do ciclo de corte nos juros americanos pelo Fed, que começaria no meio do ano, se atrase até o segundo semestre, pondera Pedro Serra, diretor de pesquisa da Ativa.
“A inflação em si nos EUA afeta muito pouco o resultado das empresas aqui no Brasil, mas se essa pressão se tornar recorrente e o Fed não cortar juros, aí pode afetar as decisões do Banco Central e mudar as estimativas”, diz.
Li, da XP, lembra que os resultados das empresas domésticas começaram a apresentar melhoria no quarto trimestre, o que gerou a revisão para cima nas expectativas, então o investidor ainda está muito de olho na performance micro das companhias.
“A próxima temporada de balanços será um catalisador importante para as ações, mas a evolução do cenário macroeconômico, em especial sobre decisões do Fed e do Copom, acabam se preponderando”, comenta.
No caso de empresas exportadoras de commodities, as incertezas no mercado americano fazem com que o dólar volte a se aproximar de um patamar perto de R$ 5,10. No entanto, essa alta recente ainda não é suficiente para gerar uma reavaliação de lucros.
“Nós já víamos o dólar nessa faixa entre R$ 4,80 e R$ 5,10, ainda não houve uma ruptura nesse cenário que nos faça revisar de forma significativa as estimativas de lucro dessas companhias”, diz Serra.